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terça-feira, 31 de maio de 2016

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE


Uma idéia presa querendo sair.



O Transtorno Borderline pode ser resultado de uma ferida emocional grave, durante o período compreendido entre as primeiras semanas de vida até o primeiro ano aproximadamente. Porque esse período ?  Por uma razão simples: quanto menor a idade (tempo de vida), menos compreensão do que acontece à sua volta, submetendo-se apenas à absorver fatos, porém sem entendê-los e, se caso de natureza mais grave (também em parte repito, pela carência de entendimento), o evento é gravado e guardado e também suspenso pelo inconsciente, dentro do nosso reprimido. Suspenso porque o evento não se extinguirá com o tempo, pelo contrário, continuará e manterá inclusive as sensações desagradáveis que aquela criança teve. Porquê ? 

Esses eventos serão cobrados por nosso inconsciente para serem relembrados, tomado ciência, compreendido e anulado (por psicanalista, em análise). Quem fará recordar esse evento é o inconsciente, mas não de forma clara (para que seja de pronto entendido). Não. O inconsciente faz isso de forma simbólica, isto é, através da manifestação das sensações que a criança vivenciou, como se tivesse ocorrido no dia anterior. Isso porque (segundo Freud), no inconsciente o tempo não existe e as "marcas" lá dentro, estão vivas e doloridas. Isso explica a intensidade das crises como sendo agudas e intensas.

O que chamamos de surto psicótico pode ter também uma explicação. Vejam, primeiramente, o que caracteriza um problema psicológico como psiquiátrico é o fato de não termos a mínima certeza que seja, do fato gerador, fase da criança ou sua severidade. O que pude deduzir em meus estudos é que cada tipo de transtorno reproduz suas condições específicas, tais como: 

a) Idade ou tempo de vida da criança;
b) Tipo de evento gerador ocorrido;
c) Grau de severidade sofrido pela criança;
d) Tipo de ambiente que ela está inserida.

A combinação desses fatores é que determinará o tipo de transtorno que um ser humano "poderá" (ou não) adquirir.  

Faço lembrar dois fatos importantes: Transtorno não nasce pronto, ele é constituído no decorrer do crescimento e desenvolvimento da criança. Quanto à fatores genéticos, acredito que o que se herda não é o transtorno e sim, características comportamentais que poderão (ou não) favorecer ou impedir que um transtorno se constitua ou se desenvolva.

O Recomendável (para os que possui o Transtorno Borderline), é que busque fazer análise, mas não apenas para retroceder até o evento chave que gerou o transtorno, mas também para ir corrigindo tudo que o transtorno foi mudando, perdendo força, como conceitos, expectativas, sonhos, perspectivas, esperanças, futuro, presente, etc.   Se o profissional ajudá-los à corrigir tudo isso, pouco importará o evento gerador, porque só restará ele mas, sem mais nenhuma influência perturbadora. Podendo chegar no evento, tanto melhor, mas acredite: chegará lá de uma forma bem mais branda.

Existe a suspeita de que Borderline seja decorrente de abuso sofrido na infância. Mas veja, isso pode ser apenas especulação, uma vez que até na hora do banho do bebê, pode-se exagerar um pouco em enxugar as partes genitais, tanto deles quanto delas e este desconforto (se não, dor), por não ser compreendido, é que pode até acabar gerando o transtorno. Por essa razão, não se pode levar uma suspeita à ferro e fogo, pois acabamos por jogar mais "gasolina" numa brasa que já arde no coração de quem sofre.

Por hora, encarem o transtorno (seja qual for), como uma "pendência" infantil não revelada, não sendo necessariamente grave, mas incomoda porque está preso no inconsciente, querendo sair.  Se chegarem à se convencer disso (repetindo a idéia várias vezes), já ajudará muito, acredite.   Mais uma coisa: Monitorem bem a medicação que estão tomando, a hora, tempo de duração, se corresponde com período do dia que mais precisaria do efeito (isso pode ser programado com a ajuda do psiquiatra). Não se escondam do transtorno, conviva com ele, viva dele, conheça-o, entenda-o. 

Não podemos "alugar" nosso imóvel (corpo) para um "inquilino" que não conhecemos, podemos ? Então. rsr  

Prof. Amadeu Epifânio - Psicanalista

             

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4 comentários:

  1. Na vivência diária o buraco é bem mais embaixo, os noborders como eu que insistiram em permanecerem ao lado de quem sofre com o TPB acabam se machucando por demais.
    Quando me vejo saudosista dos momentos de idealização, me recordo de uma frase do livro Pisando em Ovos de um marido que convivia há mais de quinze anos com esposa borderline: "Eu prometi para mim mesmo que acontecesse o que acontecesse eu estaria sempre ao lado dela, jamais a abandonaria. Foi aí que percebi que havia abandonado a mim mesmo."

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  2. Conviver sem saber ajudar desgasta ambos. Melhor que passem à explorar tudo que acontece, passo à passo, todo santo dia, sintomas, remédios, efeitos positivos e colaterais, como agiu o remédio, por quanto tempo, enfim, tudo, um diário completo do perfil do portador do transtorno (QUALQUER TRANSTORNO). Aí sim, a ajuda é bem vinda e transformada em progressos diários e partilhado entre ambos, porque as experiências (ainda que de um mesmo transtorno) se dão de forma diferenciada e quanto mais vivência melhor. Faça isso com você agora, não tente se esconder do seu transtorno, viva dele, alimente-se dele, conheça-o, explore os pontos vulneráveis, saiba para quê precisa de remédio, por quanto tempo e pra fazer o quê durante o efeito. Muitos esperam o remédio fazer efeito, depois esperam o efeito passar, depois começa tudo de novo. Se precisar pode me procurar no face, através do atalho existente na parte superior do lado direito. Se cuida legal. Abs.

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  3. entendo muito pouco de psicologia, mas fui diagnosticada com isso e queria muito saber se tem cura? mesmo que a cura seja depois de muito tempo de tratamento!
    sofro MUITO com isso, acredito que todos que possuem sofrem

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  4. Falar em cura é muito relativo, pois precisaria falar pelos psiquiatras, terapeutas, laboratórios, enfim. Contudo, para muitos portadores de transtornos, ficar só à mercê de médicos também não é nada produtivo, se o portador/paciente não participa do processo de tratamento.

    A primeira coisa é saber definir (com a máxima precisão possível) os sintomas que sente, desde quando, em quais horas do dia, qual a frequência das crises e sintomas; De que maneira o transtorno lhe atrapalha de fazer o que precisa, quantas horas por dia e em que período você precisaria estar "equilibrada", isto é, sob efeito correto da medicação e sem efeitos colaterais. Psiquiatra não tem que te medicar por ter transtorno, ele tem que medicar conforme a tua realidade.

    Saber definir bem a sua história com transtorno vai ajudar no diagnostico preciso e certeiro, como também na medicação e dosagem adequada. Tenha por propósito buscar seu bem estar. Não é porque um psiquiatra estudou que sabe o que diz. É justamente porque estudou que ele tem o dever de promover seu equilíbrio (que pode ser considerado uma cura para muitos). O psiquiatra deve fazer uma anamnese apurada, com perguntas que o levam ao seu perfil como portador (e de qual transtorno). Ele vai depender muito do seu relato e do seu histórico, sobre como começou e como é seu dia a dia. Acompanhe de perto as medicações, no começo, anote a hora de tomar, o tempo que leva pra fazer efeito, o tempo de duração, se sente que o remédio vai perdendo efeito até a hora de tomar outra dose (hora de rever dosagem ou horários). Evita ficar dopada o dia todo, não é bom, prefira uma boa noite de sono e uma segunda medicação para concentração no trabalho ou estudo. É o que eu fazia quanto tomava antidepressivo.

    Borderline é uma outra versão de transtorno bipolar, que na verdade trata-se de um transtorno só, porque a fase depressiva é consequente, isto é, tratando bem o sintoma do transtorno, a fase consequente se abranda ou se anula. Se sentir-se mal (saiba definir), com certeza pode ser dosagem, efeito colateral ou remédio errado. Ou seja, não é sintoma seu e sim, provocado pelo tratamento ok ? volta no médico, relata e exija uma combinação melhor, isto é, remédio e dosagem. Se uma medicação lhe fizer bem (e enquanto fizer) não troque, mesmo que o mesmo diga diferente. Peça à ele receita do que está dando certo, sem fazer experiência com outros, entendeu ? Vira e mexe estão empurrando no mercado os remédios que os laboratórios mandam eles indicar. Siga essas orientações e lembre-se: tenha seu bem estar como meta.

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