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domingo, 11 de junho de 2017

Transtornos de Déficit de Atenção

Excesso de sintomas, mas a maioria é “bagagem vazia”.


Pois é, portador de tdah está carregando mais bagagem do que realmente seria necessário ou essencial.  A maior parte da bagagem que carrega são os de malas vazias, carregando consigo (além da “bagagem de mão”) seu excesso de peso.   Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade é um, se não o único transtorno com uma série (porque não dizer, uma infinidade) de sintomas afins.

Os sintomas deste transtorno pertencem à 3(três) categorias, que são: Sintomas frequentes, ou seja, aqueles que ocorrem com certa insistência (praticamente constante); Sintomas decorrentes, que decorrem do primeiro, ou seja, só existe na condição do primeiro existir.   E sintomas consequentes, que são meros reflexos somatórios que acabam afetando a personalidade e o dia a dia do portador e, também só existe, pelos dois primeiros existirem.   Isso significa que o “carro chefe” que deveria estar sendo tratado de fato, é apenas o sintoma principal (o frequente). Caso contrário arrastará toda série de “vagões” e bagagens adicionais, sem necessidade efetiva de serem tratados, por serem de natureza condicionantes.

Pelo quadro (acima), o item referente à dificuldade de concentração pode ser comparado com o déficit de atenção, mas que nem por isso é sintoma decorrente do transtorno e sim, do sintoma frequente, pois ele só existe diante do quadro de hiperatividade.  Este é um raciocínio válido para não considerarmos que estamos carregando, de fato, nada além da “bagagem de mão”, nessa viagem, que ao invés de mencionarmos uma extensa lista de sintomas para o psiquiatra, deixemos do lado de fora do consultório, as “malas vazias e seu respectivo peso”, para tratar apenas do que realmente incomoda.

Com tanto excesso de bagagem, o que acabamos por desenvolver, primeiro, são concepções negativas (dadas ao grau de influência constante de todos os sintomas), não deixando espaço para reflexão própria e externa ao problema.  Podemos dizer então, que adquirimos hábitos diferentes e errados de pensar. Concordam ?   Sendo assim, não podemos trocar hábitos por palavras, na vã tentativa de tentar muda-los.      Só conseguimos corrigir hábitos (velhos ou errados) com novos hábitos.  Trabalhoso ?  talvez, mas eficiente.  Porque essa operação é feita onde realmente o problema está, isto é, em nosso inconsciente.   O que o transtorno nos deixa de consciente para pensar e agir, deve ser investido em novos hábitos (não para anular o que existe) mas para converter o inconsciente a pensar que, a intenção dele já não carece de ser sustentada.  E sim, isso é possível.

Antes de definirmos os novos hábitos, devemos saber à que se destinarão.   Crises e sintomas (de qualquer transtorno) são na verdade, recados do inconsciente para o consciente, avisando que existem “pendências psicológicas” para serem sanadas, de algo que ocorreu em certa idade precoce que, por ter gerado certo desconforto psicoemocional, ficou registrado em seu inconsciente.  Se não resolvido ficará interferindo em pensamentos e ações.  O inconsciente considera este recado relevante, pois acredita que se não for tratado, seu “corpo” não conseguirá ter uma vida plena e psicoemocionalmente estável.

Pois bem, o propósito dos novos hábitos é convencer o inconsciente da desnecessariedade de manter ativo a manutenção do recado.  Para isso, algumas alternativas são válidas, tais como: desenvolver hábitos que trabalhem o autocontrole (a vontade), objetivando elevar o tempo de atividade, de maneira progressiva, por exemplo acrescentando em média 15 minutos à mais.  De forma alguma deve ser feito de forma forçada, ou o trabalho não terá efeitos práticos nem eficazes.  Lembre-se que será como tentar convencer um amigo de que está bem.  E como fazemos isso ?  Estando bem não é verdade ?  Então não devemos “forçar barra”.   Tempo também não é relevante, apenas progressos.

Outra opção para trabalhar o autocontrole é estabelecer propósitos na hora de estudar, ao invés de apenas ler por ler e ainda tentar decorar.   Estabeleça o propósito de ler poucos trechos por vez, fechar o livro ou caderno e dizer para si mesmo o que entendeu, em voz audível, isto é, não sussurrando, como se estivesse apresentando uma TCC ou fazendo uma palestra.  Leia, reflita, pesquise se necessário, até ter certeza de que seja aquilo.  Depois volte à leitura, leia mais um trecho e repita o processo.

Este é um hábito que trabalha a própria vontade, o autocontrole, a concentração, aprendizado, evita distração e perda de foco e o que é melhor, de maneira natural.   Quando chegar no dia de prova, só terá de escrever o que aprendeu.   Ao tentar decorar, ficamos em concorrência com a distração, pois é como deixar a porta aberta para o conhecimento, mas que também deixamos entrar  (involuntariamente) uma série de distrações.   Com este exercício filtramos o que realmente importa.

O inconsciente, como administrador psicoemocional, ao perceber que o corpo está reagindo de forma positiva, não se deixando influenciar por memórias pregressas (que julgava ser perturbador), começa a repensar a necessidade de continuar ou não, à enviar o mesmo recado, até admitir não haver mais, necessidade. Ele não estava gerando um transtorno e sim, gerando sintomas decorrentes de um fato perturbador ocorrido.  Lembre-se que para um bebê, não é preciso muito para sentir-se incomodado.

O que nos diferencia entre os seres humanos, não é o tipo, forma ou quantidade de problemas ou sofrimento que temos ou carregamos, mas a forma de como os vemos e lidamos com eles, se de forma ativa ou demasiadamente passiva. Mudando a forma de ver, alteramos a forma de viver, com mais expectativa.


Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador / Psicanalista Auto-Didata

PERSONALIDADE REATIVA COMPORTAMENTAL
Influência Pregressa em Respostas Emocionais

               

Contatos: https://www.facebook.com/ProfAmadeu




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