Excesso de sintomas, mas a maioria é “bagagem vazia”.
Pois é, portador de tdah está carregando mais
bagagem do que realmente seria necessário ou essencial. A maior parte da bagagem que carrega são os de malas vazias, carregando consigo (além da “bagagem de mão”) seu excesso de peso. Transtorno de
déficit de atenção com hiperatividade é um, se não o único transtorno com uma
série (porque não dizer, uma infinidade) de sintomas afins.
Os sintomas deste transtorno pertencem à 3(três)
categorias, que são: Sintomas frequentes,
ou seja, aqueles que ocorrem com certa insistência (praticamente constante); Sintomas
decorrentes, que decorrem
do primeiro, ou seja, só existe na condição do primeiro existir. E sintomas consequentes, que são meros reflexos
somatórios que acabam afetando a personalidade e o dia a dia do portador e,
também só existe, pelos dois primeiros existirem. Isso significa que o “carro chefe” que deveria estar sendo tratado de
fato, é apenas o sintoma principal (o frequente). Caso contrário arrastará toda
série de “vagões” e bagagens adicionais, sem necessidade efetiva de serem
tratados, por serem de natureza condicionantes.
Pelo quadro (acima), o item referente à dificuldade
de concentração pode ser comparado com o déficit de atenção, mas que nem por
isso é sintoma decorrente do transtorno e sim, do sintoma frequente, pois ele
só existe diante do quadro de hiperatividade. Este é um raciocínio válido para não
considerarmos que estamos carregando, de fato, nada além da “bagagem de mão”,
nessa viagem, que ao invés de mencionarmos uma extensa lista de sintomas para o
psiquiatra, deixemos do lado de fora do consultório, as “malas vazias e seu
respectivo peso”, para tratar apenas do que realmente incomoda.
Com tanto excesso de bagagem, o que acabamos por
desenvolver, primeiro, são concepções negativas (dadas ao grau de influência
constante de todos os sintomas), não deixando espaço para reflexão própria e
externa ao problema. Podemos dizer
então, que adquirimos hábitos diferentes e errados de pensar. Concordam ? Sendo assim, não podemos trocar hábitos por
palavras, na vã tentativa de tentar muda-los. Só conseguimos corrigir hábitos (velhos ou
errados) com novos hábitos. Trabalhoso
? talvez, mas eficiente. Porque essa operação é feita onde realmente o
problema está, isto é, em nosso inconsciente.
O que o transtorno nos deixa de consciente para pensar e agir, deve ser
investido em novos hábitos (não para anular o que existe) mas para converter o
inconsciente a pensar que, a intenção dele já não carece de ser sustentada. E sim, isso é possível.
Antes de definirmos os novos hábitos, devemos saber
à que se destinarão. Crises e sintomas
(de qualquer transtorno) são na verdade, recados do inconsciente para o
consciente, avisando que existem “pendências psicológicas” para serem sanadas,
de algo que ocorreu em certa idade precoce que, por ter gerado certo
desconforto psicoemocional, ficou registrado em seu inconsciente. Se não resolvido ficará interferindo em
pensamentos e ações. O inconsciente
considera este recado relevante, pois acredita que se não for tratado, seu “corpo”
não conseguirá ter uma vida plena e psicoemocionalmente estável.
Pois bem, o propósito dos novos hábitos é convencer
o inconsciente da desnecessariedade de manter ativo a manutenção do
recado. Para isso, algumas alternativas
são válidas, tais como: desenvolver
hábitos que trabalhem o autocontrole (a vontade), objetivando elevar o tempo de
atividade, de maneira progressiva, por exemplo acrescentando em média 15
minutos à mais. De forma alguma deve ser
feito de forma forçada, ou o trabalho não terá efeitos práticos nem eficazes. Lembre-se que será como tentar convencer um
amigo de que está bem. E como fazemos
isso ? Estando bem não é verdade ? Então não devemos “forçar barra”. Tempo também não é relevante, apenas
progressos.
Outra opção para trabalhar o autocontrole é
estabelecer propósitos na hora de estudar, ao invés de apenas ler por ler e
ainda tentar decorar. Estabeleça o
propósito de ler poucos trechos por vez, fechar o livro ou caderno e dizer para
si mesmo o que entendeu, em voz audível, isto é, não sussurrando, como se
estivesse apresentando uma TCC ou fazendo uma palestra. Leia, reflita, pesquise se necessário, até
ter certeza de que seja aquilo. Depois
volte à leitura, leia mais um trecho e repita o processo.
Este é um hábito que trabalha a própria vontade, o
autocontrole, a concentração, aprendizado, evita distração e perda de foco e o
que é melhor, de maneira natural.
Quando chegar no dia de prova, só terá de escrever o que aprendeu. Ao tentar
decorar, ficamos em concorrência com a distração, pois é como deixar a porta
aberta para o conhecimento, mas que também deixamos entrar (involuntariamente) uma série de
distrações. Com este exercício
filtramos o que realmente importa.
O inconsciente, como administrador psicoemocional,
ao perceber que o corpo está reagindo de forma positiva, não se deixando
influenciar por memórias pregressas (que julgava ser perturbador), começa a
repensar a necessidade de continuar ou não, à enviar o mesmo recado, até
admitir não haver mais, necessidade. Ele não estava gerando um transtorno e sim, gerando sintomas decorrentes de um fato perturbador ocorrido. Lembre-se que para um bebê, não é preciso muito para sentir-se incomodado.
O que nos diferencia entre os seres humanos,
não é o tipo, forma ou quantidade de problemas ou sofrimento que temos ou
carregamos, mas a forma de como os vemos e lidamos com eles, se de forma ativa
ou demasiadamente passiva. Mudando a forma de ver, alteramos a forma de viver,
com mais expectativa.
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador / Psicanalista Auto-Didata
PERSONALIDADE
REATIVA COMPORTAMENTAL
Influência
Pregressa em Respostas Emocionais
Contatos: https://www.facebook.com/ProfAmadeu
Nenhum comentário:
Postar um comentário