Projeto VIVA +

sexta-feira, 16 de março de 2018

AUTISTA.



RUMO À SUA PRÓPRIA INDEPENDÊNCIA !


Olá para todos. Conforme prometido, estou trazendo à vocês, um novo artigo sobre este tema, com uma proposta nova que é a de inserir o autista no nosso mundo, ao invés de entrarmos no mundo dele para resgatá-lo e trazê-lo de volta.  Autista não é muito diferente de uma criança normal, credite.  O que precisamos fazer é ajudá-lo na facilitação do seu contato conosco.

O autista tem uma dificuldade mais resistente (e um pouco persistente) dada ao fato de não ter inserido ainda, o necessário para corresponder, como por exemplo, não ter aprendido o que é copo nem água, para quando tiver sede, ter como pedir.  Sua limitação, aparentemente persistente, se transfere à nós, causando-nos a mesma sensação de impotência diante de tal desafio.

A dificuldade de fala não está centrado apenas no fato de ser autista, mas também na falta de construção de palavras e de imagens, em sua mente.   Antes de mais nada é fundamental (quando em idade física adiantada) determinar a idade mental, em que o autista se encontra no momento, pois isso ajudará na identificação de abordagens mais apropriada ao seu momento específico.

Se a fala está momentaneamente incapaz de se manifestar, devemos então usar outros órgãos de percepção, como a visão e audição, para ajudar-nos como ferramentas de comunicação.   Tanto o autista quanto uma criança normal, muitas vezes faz as necessidades sem prévio aviso, simplesmente porque ainda não aprendeu à se expressar, porque ainda não aprendeu o significado de banheiro, vaso, xixi e cocô e pedir quando tiver vontade.


O uso de imagens ajuda crianças e pessoas com certas limitações, à identificar expressões correspondentes aos seus desejos, bastando que apenas aponte para o desenho específico ao seu desejo momentâneo.   Não apenas o autista mas também os pais ou os respectivos cuidadores, podem fazer uso do mesmo recurso, quando para pedir ao autista que os atenda em determinado desejo, não apenas apontando para o desenho como também proferindo seu significado de forma clara e verbal.   Através dessa técnica, estaremos ajudando o autista na sua construção da linguagem.  Para facilitar, pode-se fazer uso de um mural de fotos, com fotos (impressas em computador), mesmo em preto em branco, desde que, com boa qualidade de impressão, para imediata identificação.  Pode também usar celulares e tablet's para isso.


Não é recomendável encher o mural dezenas de fotos, com diversas atividades, pois que assim, ficará difícil para o autista, localizar o desenho que deseja e, quando o fizer, poderá ser tarde demais rsrs.  Um acervo de fotos deverá constar o necessário e depois sim, à medida que ele for compreendendo o uso das imagens, podemos pensar (não em ampliar), mas substituir as imagens que já não são necessárias (por já estar pedindo pra fazer ou fazendo sozinho), por outras novas imagens, como fotos de parentes e suas casas, sinalizando que deseja visitá-lo.   Faço aqui uma sugestão que necessidades (que não o xixi) sejam abordados com a denominação “banheiro” (como nós adultos costumamos fazer), para que ele não grite em alta voz o seu desejo, em público. rsr

Fora o trabalho de formação inicial de linguagem, existe as demais tarefas de aprendizado, com as atividades que já devem estar sendo feitas, com brinquedos e brincadeiras instrutivas.   Como índice de avaliação de desempenho e progresso, também sugiro a utilização de metas, com o propósito de sabermos o quanto estamos avançando ou qual parte precisa ser mais trabalhada.   A implementação de rotina, feita com ajuda dos acompanhantes ou mesmo parentes, é necessária como instrumento de inserção na rotina da família, participando das mesmas tarefas, como banho, refeição, assistir TV, arrumar a casa, etc.

O quesito Obediência, implica no cumprimento, tanto à rotina quanto às demais atividades, estando nesta fase, mais apto ao aprendizado da linguagem e memorização das imagens.  Ao chegar na fase da Autonomia, algumas das principais imagens já poderão ser retiradas do mural, visto que já poderá estar manifestando verbalmente, seus desejos e preferências, estando cada vez mais apto à obter sua própria autonomia (ainda que parcial).


A fase de cooperação compreende a participação à rotina, de forma mais voluntária e estar mais apto à aprender coisas novas.  À essa altura espera-se que a frequência de crises já tenham diminuindo de forma considerável.  As crises são procedentes do inconsciente e ocorrem por falta de uma formação que o faça manter-se no lado consciente e inibir a ação do inconsciente.  

Para isso, estou incluindo este quadro de atividades para cada idade mental do autista, em razão da sua idade física.


É recomendável também que se evitem brigas, discussões acaloradas e barulhos excessivos, até que o autista tenha atingido o estágio de cooperação, quando já deverá saber lidar com alguns níveis de barulho sem se assustar com os mesmos.  Na fase de “independência”, o autista já deverá estar mais preparado para a fase de alfabetização. 

Quanto mais o autista sentir-se apto à desenvolver tarefas de forma autônoma, mais ele buscará fazê-lo de forma frequente, dando forte impulso para a fase de independência.   Durante todas as fases é recomendável ter sempre um diálogo tranquilo e acolhedor (ao invés de gritos), para que ele se sinta sempre seguro no ambiente (condição que o fará tornar-se sempre, mais participativo em todas as tarefas que desempenhar).  Submetê-lo à fortes pressões, pode fazer sofrer um recesso ou retrocesso, voltando à se fechar novamente, como um mecanismo de defesa.  Mas nada do que já tenha aprendido, ficará perdido, sendo portanto, menos difícil, um possível reinício (caso seja necessário).

O autista tem sim, algumas limitações, mas apenas por falta de formação em sua mente, tal como uma criança normal ou como nós.   Se nos sentimos incapazes de realizar uma tarefa, não é porque somos incompetentes, mas porque não aprendemos o suficiente para executá-la.   Lembrando que, sempre que nos sentirmos incapazes de realizar uma tarefa ou resolver um problema, natural que haja mudanças em nosso humor, tornando-nos mais ásperos ou rudes.  Devemos respeitar o momento do autista, quando sentir-se incapaz de realizar uma tarefa, devendo tranquilizá-lo e não obrigá-lo à fazer, ao menos naquele momento.

Essa proposta sugere que o próprio autista vá correspondendo e tornando-se mais livre á cada dia, contribuindo para o progresso do seu próprio desenvolvimento.  Não devemos cobrar do tempo, que as fases se deem da noite pro dia, pois o que mais importa é resultado e progresso, até que o autista vá conseguindo tornar-se cada vez mais autônomo, até sua independência.  Vale aqui lembrar uma frase do grande Pensador Fiódor Dostoiévisk, em uma de suas céleres frases:

“Se queres vencer o mundo inteiro, vence-te a ti mesmo.”   

Esse é o nosso maior propósito para com o autista, isto é, ajudá-lo à vencer à si próprio, sempre relevando suas limitações.   Essa proposta não sugere o impossível nem oferece esperanças vazias ou impossíveis, pelo contrário, sugere resultados e progressos, apenas enriquecendo ainda mais o processo de formação do autista, especialmente na sua construção da linguagem.


Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista

              


Um comentário:

  1. Tudo que manifestamos, tanto verbalmente quanto comportamentalmente, está atribuído ao que o cérebro já absorveu, como informação e referência, para momentos oportunamente apropriados. Se uma criança autista não segura direito um lápis nem garfo ou colher, provavelmente não fui induzida à fazê-lo (como um bebê que não é induzido à dizer papai nem mamãe, esperando que (do nada) ele aprenda.

    Quando uma criança não tem autismo, nós à ensinamos, tanto à segurar as coisas, quanto à dizer as primeiras palavras porém, quando a criança é autista, já alimentamos a ideia de que ela tem limitações e por isso, não manifestamos o interesse de ensinar, mas o de fazer tudo por ela. Lembre-se que quando damos às crianças, respostas prontas, elas pouco aprendem.

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