POR QUE NOS CORTAMOS ?
O
ato de cortar-se é um mecanismo de defesa inconsciente, para conter uma dor (de
angústia) com outra dor e, para que tenha efeito, precisa ser de igual
intensidade. Mas entendam, não sofremos por ter transtorno ou problemas, mas
por não entendê-los. Se nos voltarmos para tentar entende-los, os sintomas
serão menos intensos, progressivamente, até a sua extinção. A auto-mutilação
infelizmente, é um recurso inconsciente, mas apenas por não termos melhor
resposta para o nosso momento. Ela jamais, será a única e última resposta.
A
primeira coisa que é preciso fazer é conhecer o seu transtorno pessoal, pois
mesmo duas ou dez pessoas com mesmo transtorno, ainda sim serão específicos
para cada um, pois que, para cada pessoa, seu transtorno se constituiu de forma
diferente.
Como ficamos sempre focados na dor, além de sofrer pelo o que já
temos, ainda "compramos" mais sofrimentos, ou seja, tudo que nos
acontece é imediatamente associado ao transtorno, tornando uma enorme bola de neve.
É preciso começar à separar a "chave do cadeado" e refletir mais sobre tudo que
acontece e aprender à separar, pois somente assim se conseguirá reduzir essa
bola de neve (que só é grande na nossa cabeça, pois que, na verdade, ela nem
existe).
Outra
coisa é definir corretamente qual o seu transtorno. Se costuma também fazer
leilão de transtorno nessa hora, pensando ter adquirido várias comorbidades e isso não
existe. Tem que se determinar qual é o
seu único transtorno, para que se tome a medicação apropriada ao mesmo e não à
vários. Se estão sofrendo é porque, ou a medicação ou dosagem está inadequada ou se está tomando remédio para o transtorno errado ou
pra vários. Nesses
casos a medicação agirá sobre o correto e causará efeitos colaterais para o
errado, andando em círculos, sem nenhum efeito prático.
Transtorno
é tudo psicológico e a classificação de CID-10 ou DSM são apenas nomes, associados com o relato do paciente para
com o médico. Portando, saiba relatar bem, com precisão, tudo que sente, quando
sente, quantas vezes (a frequência), quais os sintomas e em quais momentos. Se
chegar no médico dizendo que acha que tem esse ou aquele transtorno, o médico
será capaz de comprar a ideia errada (se não for o transtorno certo).
Não
importa qual seja o transtorno, precisam desprezar a dor por alguns momentos
para ajudar o "estudioso" do psiquiatra, à definir o que realmente
você tem. Precisam fazer mais por si
mesmos, se quiserem parar de sofrer. Não existe fórmula mágica pra isso, sem a
nossa participação direta. Os
psiquiatras estão deixando muito à desejar e são orgulhosos demais para pedir
ajuda do paciente, pra saber pedir que relatem com precisão tudo que sentem. Se
desejamos um milagre, ele só virá de nós mesmos e com ajuda de Deus. Mas não do médico.
Psiquiatras
estudam quase dez anos para atingir sua pós graduação e nem assim conseguem promover
o bem estar à queles à quem se propôs e jurou ajudar (Juramento de Hipócrates). Portanto, está mais do que na hora de cobrar dos mesmos, mais
competência e menos cumplicidade com a indústria farmacêutica, que vivem usando
os médicos para empurrar novas drogas aos seus pacientes, como cobaias. Tem que se
receitar o que for para ajudar o paciente à controlar seus sintomas e não pra testá-los.
Como
vêem, para tudo é necessário a presença e participação direta e assídua do paciente. Não dá mais tempo nem pra sofrer, pois
precisamos estar sempre ativos na busca nosso bem estar e da forma mais
prolongada possível.
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista
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