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sexta-feira, 27 de abril de 2018

ENSINO PÚBLICO


Porque os Jovens estão Relutantes em Aprender ?


Por mais aterrorizante que seja uma bagunça em sala de aula e, mais ainda se as “crianças” já tiverem certa idade, devemos ter em mente que, na maioria das vezes, o ambiente escolar funciona nada mais nada menos, do que válvula de escape e, “bater de frente”, nunca é a melhor estratégia, ainda mais considerando uma série de variáveis, como por exemplo, as condições de moradia e o “ambiente” que vivem, entre outras.

     A grande maioria desses alunos, que partilham da mesma “diversão”, perderam o interesse (não nas aulas), mas numa possível e futura aplicabilidade da mesma, frente aos desafios que enfrentam, em seu ambiente familiar (ou o que sobrou dele). É muito difícil se pensar em futuro quando o presente já é tão incerto.  Mais do que interesse, o que eles precisam é de um propósito (de uma visão), para que o ensino possa significar algo mais para eles.

     Como o modo de vida deles é tão incerto e, cada um tem sua própria história, natural que cada um deles almeje sua própria perspectiva de futuro, embora a grande maioria tende para um pessimismo convergente. Os que ainda “resistem”, isto é, não partilham da mesma rebeldia escolar, são demasiadamente poucos para influenciar e, ao mesmo tempo, minoria expressiva e vulnerável à influência oposta.

     A estratégia que mais se aproxima, ao grau de expectativa desta realidade, é torná-los úteis (primeiramente) à si próprios, em seguida para outrem. A primeira parte é, sem dúvida, a mais delicada, complexa, relativamente longa, mas que nem por isso deve ser considerada como algo impossível.  Mais uma vez aqui, o objetivo não é o de enfrentamento (o bater de frente).  Procurar disciplinar os impulsos, substituindo por tarefas que sejam relevantes, tanto para a escola como principalmente para eles.

     Haverá resistência no início, é natural, mas eles precisam ser desafiados (porque já estão sendo), por novos desafios, para fazê-los se sentirem úteis à si próprio, em seguida perante outros.  O desafio que ora sentem é o de se manterem “ocupados”, para não pensarem nos problemas pessoais que os sobrecarregam (incluindo a escola ainda como fator agregante). Evidente que essa reação é totalmente involuntária e inconsciente, o que explica a dificuldade no trato com eles e até mesmo o revide agressivo, que vez ou outra fazem uso.
 
O ser humano vive para alimentar e proteger seus maiores medos  
e fará isso com os “recursos” que encontrar disponíveis,          
primeiro na mente.
    
Psicologicamente e inconscientemente estão se sentindo largados e abandonados, mas não agora, na idade em que estão, mas desde uma fase ainda mais precoce, cujo sentimentos vem se arrastando e acumulando, até o estágio em que já podem “se defender”, porém no intuito de se protegerem, para que o que passam ou o que lhe fizeram, não volte à acontecer nem sofrer.   Sua reação passa à ser o seu “escudo”. Estão acuados e temerosos.

     Este quadro psicológico dá-se mais em escolas públicas, muito embora em particulares, não seja tão difícil ocorrer o mesmo cenário. Menos frequente, mas possível.

     É preciso mudar a forma de enfrentamento (não que venha acarretar alguma forma de sobrecarga para os professores), pelo contrário, sabendo como lidar, o desgaste será bem menor e os momentos de tensão serão substituídos por mais colaboração e participação e, havendo progresso, os alunos o usarão como “recursos psicológicos” para lidar com seus problemas pessoais (invertendo os papéis).   Nossa mente procura sempre promover o estado psíquico do corpo e, para isso, faz uso da formação que absorve do meio. O tipo de comportamento que apresentam, denotam a forma de vida que levam.  Não sofremos por ter problemas, mas por não compreendê-lo.

     A predominância aritmética deste conteúdo, é que será determinante na sua convivência, no meio que partilha. No nosso caso, a escola.   A metodologia de aprendizado deve estar centrada no anseio dos alunos, em serem desafiados, ao menos no início, para convergirem a atenção dispersa, em foco que seja mais interessante e benéfica para o corpo, (na visão da mente inconsciente).  Todo diálogo, até o progresso, está sendo feito com o inconsciente do aluno (e não ele, especificamente), que notará os resultados, sem contudo perceber, como ou de que forma, os obteve, mas que certamente, os adotará.

     Vivemos já, as dificuldades e descasos dos governantes, para com o ensino em nosso país e no baixo reconhecimento do ofício docente, em praticamente todas as esferas de ensino público, da creche à universidade, passando pela omissão de recursos financeiros, para preservação da estrutura física de todos os prédios correspondentes. De fato enfraquece qualquer estímulo necessário à manutenção do aprendizado (para docentes e discentes) na forma que muitos anseiam e precisam, tendo que conviver e “sobreviver” com o que resta.

     Esta é a razão, pela qual sugiro minha posição à cerca do comportamento de muitos dos alunos (como Pesquisador e Psicanalista Auto-Didata) não apenas relutantes no ensino, mas ariscos à qualquer forma de abordagem que venha obrigá-los à portarem-se, para que a aula, enfim, possa ser dada. Os alunos querem e precisam estudar, mas precisam ter reduzidos sua inconsciente resistência, a qual não conseguem controlar por si próprios, simplesmente porque não tem subsídios (por formação) que os faça manter – voluntariamente – o foco no ensino e também no estudo.


     Como proposta para convergir a atenção, pode ser feito:


1)    Atribuições individuais de tarefas de organização em sala de aula                                e escola, como fiscais em (Carteiras, bebedouros, banheiros, portões, etc.) 

2)    Fórum de debates de matérias dadas em aula e aplicabilidades;   Alunos não tem ideia de onde aplicar o que aprendem. Ex: Todos nascemos físicos e não sabíamos, ao calcular inconscientemente, distância, velocidade e peso de veículo, em relação à nós mesmos, ao atravessarmos uma rua.

3)    Fórum de debates sobre temas da atualidade, para interação e visão; Crianças e jovens apenas reagem à temas como Bulliyng, gays, divórcios, guerras, política, corrupção, violência, catástrofes climáticas, etc., sem contudo, entenderem de fato, porque acontecem e porque continua. Elas precisam interagir mais, conhecer mais, para saberem como lidar.   Tudo isso são fatores que promove maior estabilidade emocional, diminuindo o estado de insegurança sobre o futuro imediato. O fórum deve ser com carteiras em posição circular (sinalizando igualdade entre todos).

               4)    A nova proposta de ensino pode ser uma que seja mais partilhada entre os alunos, ao invés de apenas a figura do professor, individualmente e isolado lá na frente, trabalhando sozinho e, supostamente, de costas para os alunos, passando informações que estão absorvendo, sem muito compreender. 
Não que o professor esteja errado, mas a postura os faz lembrar a forma de como podem estar sendo tratados em casa, ou seja, com indiferença, de costas viradas, sem olhar olho no olho, como quem diz:  “-Olha pra mim, pelo menos”.

Somos resultado do histórico pregresso de lembranças e experiências, da nossa gestação até os dias atuais.

Estamos exaustivamente sendo influenciados por essas lembranças, de acordo com tipo, severidade e quantidade aritmética.  Com crianças e jovens é ainda mais difícil, dada à falta de maior maturidade e de ausência psico afetiva dos pais.  Está na hora de mudarmos o conceito de ensino, frente à falta inconsciente e involuntária do interesse, motivado pelo modo de vida dos alunos.  Não podemos exigir dos alunos, o que nem os pais o prepararam.      Portanto, está na hora de trazer a montanha à Maomé.   Talvez, com “ar menos rarefeito”, ficará menos difícil (e perigoso), dar aula em escolas públicas.

Professor Amadeu Epifânio
                                                                                
Pesquisador/Psicanalista Auto-Didata

              

PERSONALIDADE REATIVA COMPORTAMENTAL
Influência Pregressa em Respostas Emocionais


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