Porque os Jovens
estão Relutantes em Aprender ?
Por mais
aterrorizante que seja uma bagunça em sala de aula e, mais ainda se as
“crianças” já tiverem certa idade, devemos ter em mente que, na maioria das
vezes, o ambiente escolar funciona nada mais nada menos, do que válvula de
escape e, “bater de frente”, nunca é a melhor estratégia, ainda mais
considerando uma série de variáveis, como por exemplo, as condições de moradia
e o “ambiente” que vivem, entre outras.
A grande maioria desses alunos, que
partilham da mesma “diversão”, perderam o interesse (não nas aulas), mas numa
possível e futura aplicabilidade da mesma, frente aos desafios que enfrentam,
em seu ambiente familiar (ou o que sobrou dele). É muito difícil se pensar em
futuro quando o presente já é tão incerto.
Mais do que interesse, o que eles precisam é de um propósito (de uma
visão), para que o ensino possa significar algo mais para eles.
Como o modo de vida deles é tão incerto e,
cada um tem sua própria história, natural que cada um deles almeje sua própria
perspectiva de futuro, embora a grande maioria tende para um pessimismo
convergente. Os que ainda “resistem”, isto é, não partilham da mesma rebeldia
escolar, são demasiadamente poucos para influenciar e, ao mesmo tempo, minoria
expressiva e vulnerável à influência oposta.
A estratégia que mais se aproxima, ao grau
de expectativa desta realidade, é torná-los úteis (primeiramente) à si
próprios, em seguida para outrem. A primeira parte é, sem dúvida, a mais
delicada, complexa, relativamente longa, mas que nem por isso deve ser
considerada como algo impossível. Mais
uma vez aqui, o objetivo não é o de enfrentamento (o bater de frente). Procurar disciplinar os impulsos,
substituindo por tarefas que sejam relevantes, tanto para a escola como
principalmente para eles.
Haverá resistência no início, é natural,
mas eles precisam ser desafiados (porque já estão sendo), por novos desafios,
para fazê-los se sentirem úteis à si próprio, em seguida perante outros. O desafio que ora sentem é o de se manterem
“ocupados”, para não pensarem nos problemas pessoais que os sobrecarregam
(incluindo a escola ainda como fator agregante). Evidente que essa reação é
totalmente involuntária e inconsciente, o que explica a dificuldade no trato
com eles e até mesmo o revide agressivo, que vez ou outra fazem uso.
O ser humano vive para alimentar e proteger seus maiores
medos
e fará isso
com os “recursos” que encontrar disponíveis,
primeiro
na mente.
Psicologicamente e inconscientemente estão
se sentindo largados e abandonados, mas não agora, na idade em que estão, mas
desde uma fase ainda mais precoce, cujo sentimentos vem se arrastando e
acumulando, até o estágio em que já podem “se defender”, porém no intuito de se
protegerem, para que o que passam ou o que lhe fizeram, não volte à acontecer
nem sofrer. Sua reação passa à ser o
seu “escudo”. Estão acuados e temerosos.
Este quadro psicológico dá-se mais em
escolas públicas, muito embora em particulares, não seja tão difícil ocorrer o
mesmo cenário. Menos frequente, mas possível.
É preciso mudar a forma de enfrentamento
(não que venha acarretar alguma forma de sobrecarga para os professores), pelo
contrário, sabendo como lidar, o desgaste será bem menor e os momentos de
tensão serão substituídos por mais colaboração e participação e, havendo
progresso, os alunos o usarão como “recursos psicológicos” para lidar com seus
problemas pessoais (invertendo os papéis).
Nossa mente procura sempre promover o estado psíquico do corpo e, para
isso, faz uso da formação que absorve do meio. O tipo de comportamento que
apresentam, denotam a forma de vida que levam.
Não sofremos por ter problemas, mas por não compreendê-lo.
A predominância aritmética deste conteúdo,
é que será determinante na sua convivência, no meio que partilha. No nosso
caso, a escola. A metodologia de
aprendizado deve estar centrada no anseio dos alunos, em serem desafiados, ao
menos no início, para convergirem a atenção dispersa, em foco que seja mais
interessante e benéfica para o corpo, (na visão da mente inconsciente). Todo diálogo, até o progresso, está sendo
feito com o inconsciente do aluno (e não ele, especificamente), que notará os
resultados, sem contudo perceber, como ou de que forma, os obteve, mas que
certamente, os adotará.
Vivemos já, as dificuldades e descasos dos
governantes, para com o ensino em nosso país e no baixo reconhecimento do
ofício docente, em praticamente todas as esferas de ensino público, da creche à
universidade, passando pela omissão de recursos financeiros, para preservação
da estrutura física de todos os prédios correspondentes. De fato enfraquece
qualquer estímulo necessário à manutenção do aprendizado (para docentes e
discentes) na forma que muitos anseiam e precisam, tendo que conviver e “sobreviver”
com o que resta.
Esta é a razão, pela qual sugiro minha
posição à cerca do comportamento de muitos dos alunos (como Pesquisador e
Psicanalista Auto-Didata) não apenas relutantes no ensino, mas ariscos à
qualquer forma de abordagem que venha obrigá-los à portarem-se, para que a
aula, enfim, possa ser dada. Os alunos querem e precisam estudar, mas precisam
ter reduzidos sua inconsciente resistência, a qual não conseguem controlar por
si próprios, simplesmente porque não tem subsídios (por formação) que os faça
manter – voluntariamente – o foco no ensino e também no estudo.
Como proposta para convergir a atenção,
pode ser feito:
1) Atribuições individuais de
tarefas de organização em sala de aula e escola, como fiscais em (Carteiras, bebedouros, banheiros,
portões, etc.)
2) Fórum de debates de matérias dadas em aula
e aplicabilidades; Alunos não tem ideia
de onde aplicar o que aprendem. Ex: Todos nascemos físicos e não sabíamos, ao
calcular inconscientemente, distância, velocidade e peso de veículo, em relação
à nós mesmos, ao atravessarmos uma rua.
3) Fórum de debates sobre temas da atualidade,
para interação e visão; Crianças e jovens apenas reagem à temas como Bulliyng,
gays, divórcios, guerras, política, corrupção, violência, catástrofes
climáticas, etc., sem contudo, entenderem de fato, porque acontecem e porque
continua. Elas precisam interagir mais, conhecer mais, para saberem como lidar. Tudo isso
são fatores que promove maior estabilidade emocional, diminuindo o estado de
insegurança sobre o futuro imediato. O fórum deve ser com carteiras em posição
circular (sinalizando igualdade entre todos).
4) A nova proposta de ensino pode ser uma que seja mais partilhada entre os alunos, ao invés de apenas a figura do professor, individualmente e isolado lá na frente, trabalhando sozinho e, supostamente, de costas para os alunos, passando informações que estão absorvendo, sem muito compreender.
Não que o professor esteja errado, mas a postura os faz lembrar a forma de como podem estar sendo tratados em casa, ou seja, com indiferença, de costas viradas, sem olhar olho no olho, como quem diz: “-Olha pra mim, pelo menos”.
Somos resultado do histórico
pregresso de lembranças e experiências, da nossa
gestação até os dias atuais.
Estamos
exaustivamente sendo influenciados por essas lembranças, de acordo com tipo,
severidade e quantidade aritmética. Com
crianças e jovens é ainda mais difícil, dada à falta de maior maturidade e de
ausência psico afetiva dos pais. Está na
hora de mudarmos o conceito de ensino, frente à falta inconsciente e
involuntária do interesse, motivado pelo modo de vida dos alunos. Não podemos exigir dos alunos, o que nem os
pais o prepararam. Portanto, está na
hora de trazer a montanha à Maomé.
Talvez, com “ar menos rarefeito”, ficará menos difícil (e perigoso), dar
aula em escolas públicas.
Professor Amadeu Epifânio
Pesquisador/Psicanalista Auto-Didata
Pesquisador/Psicanalista Auto-Didata
PERSONALIDADE REATIVA COMPORTAMENTAL
Influência Pregressa em Respostas Emocionais
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